Avaliação da ossificação como critério para qualidade da carne

Avaliação da ossificação como critério para qualidade da carne

Para adequada classificação da qualidade de carne por meio da avaliação de carcaça, considera-se relevante a avaliação de diversas características, entre elas a avaliação de maturidade da carcaça.

Figura 1 – Fonte: Apostila de avaliação de carcaças bovinas – Brazil Beef Quality.

A maturidade é analisada através de duas avaliações principais, a erupção e presença de dentes incisivos permanentes, que permite identificar idade cronológica do animal, e através do grau de ossificação das vértebras sacrais, lombares e torácicas, utilizadas para avaliação da maturidade fisiológica do animal.

As vértebras avaliadas para ossificação nos bovinos são as 13 vértebras torácicas, 6 lombares e 5 sacrais (Figura 1). O processo de ossificação ocorre no sentido caudal-cranial, sendo finalizado em torno do sexto ano de vida do animal.

A avaliação de ossificação é realizada através de uma escala, que varia de acordo com a quantidade de cartilagem ossificada presente na extremidade superior do processo espinhoso das vértebras. Dessa forma, é possível estimar a condição da carcaça para maturidade fisiológica.

O valor destinado à avaliação segue uma escala de 100 a 590 pontos, com incremento de 10 pontos, segundo metodologia descrita pela AUS-Meat. Já a USDA Quality Grade adota avaliação por classe, identificadas como A, B, C, D e E.

Como avaliar a ossificação?

Figura 2 – Processo de ossificação da carcaça bovina. Fonte: Brazil Beef Quality.

Conforme o animal envelhece fisiologicamente, pequenos sinais vermelhos de material ósseo passam a surgir dentro da cartilagem branca. Gradualmente, estes pequenos sinais vão ficando maiores, até que se fundem de maneira que não seja mais possível observar a separação das vértebras. Quando o processo é concluído, as pontas cartilaginosas brancas de todas as vértebras se tornam um único osso vermelho (Figura 2).

Como a ossificação pode interferir na qualidade da carne?

 A taxa de ossificação pode variar entre os animais, podendo apresentar maior ou menor grau em função do manejo, sendo a nutrição o quesito que pode interferir significativamente nessa característica. Bovinos alimentados com uma dieta pobre poderão apresentar níveis mais elevados de ossificação, uma vez que irão crescer e depositar musculatura mais tardiamente quando comparado com animais com taxa nutricional mais eficiente. Animais que apresentam taxas de crescimento mais rápidas, tendem a apresentar maiores pesos de carcaça sem aumento significativo na pontuação da ossificação.

Dessa forma, animais que apresentam um bom manejo nutricional, com oferta de alimentação constante e com qualidade, tendem a apresentar baixas pontuações de ossificação, gerando uma carne de melhor qualidade sensorial. Isso está diretamente relacionado com a maturidade fisiológica do animal, pois conforme o animal amadurece, as fibras de colágeno, que compõem sua musculatura, formam ligações cruzadas que se tornam progressivamente mais fortes e rígidas, resultando em uma carne menos macia.

Considerações finais

A ossificação é uma medida que representa de forma mais assertiva a maturidade em bovinos, uma vez que leva em consideração a idade fisiológica e não apenas a idade cronológica dos animais, como acontece na avaliação de dentição. A maturidade fisiológica afeta o desenvolvimento das ligações cruzadas de colágeno na musculatura dos animais, que poderão, dessa forma, apresentar carnes mais ou menos macias após o abate.

Escrito por: Hyezza Ament

Colaboradores: Cristina Tschorny, Bruna Biava e Marcelo Coutinho – Brazil Beef Quality

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