Bovinos e suas evoluções

Bovinos e suas evoluções

A domesticação e uso dos animais não é algo recente. Foi no início do período neolítico, a cerca de 10000 a.C. onde hoje conhecemos como Oriente Médio e Europa, que ocorreu a Revolução Agrícola, a partir de então o homem transitava para o sedentarismo, se estabelecendo em faixas de terra e cultivando seu alimento. Principalmente cereais e animais de rebanho como os bovinos, caprinos e suínos (Cauvin, 1994).

Quanto aos bovinos, seu vínculo com os humanos é mais antigo, caçadores da idade da pedra já aproveitavam da carne do gado selvagem Auroque (Bos primigenius), que por sua vez deu origem as raças domesticadas e criadas até hoje. O Auroque tem sua origem no subcontinente indiano e alcançou outros territórios após a era glacial. Assim iniciava a diferenciação da espécie em decorrência das caraterísticas geográficas dos locais em que agora habitava, resultando em duas principais: o Bos primigenius primigenius, que originou o gado taurino (Bos taurus) e o Bos primigenius namadicus, de origem asiática que constitui o ancestral direto do gado zebu (Bos indicus).

Singularmente, zebuínos e taurinos apresentam características morfológicas e fisiológicas que diferem entre si, como o desenvolvimento acentuado da musculatura romboide e seus adjacentes, conhecido popularmente como cupim. Outros exemplos de diferenças podem ser vistos na tabela a seguir:

Essas diferenças morfológicas e fisiológicas além da distinção fenotípica, têm grande impacto nos aspectos produtivos, desde a reprodução até a qualidade dos produtos de origem animal como a carne e o leite. Foi com essa percepção que ao longo de anos o homem começou a executar processos empíricos de seleção de animais conforme seu fim de interesse.

Raças criadas com o objetivo de produzir carne são comumente chamadas de raças de corte, e identificar os animais pertencentes a tal grupo é de grande importância para obtenção de carne de qualidade. Dentre as raças de corte existentes temos representantes zebuínos, taurinos e os mestiços obtidos do cruzamento entre ambos. Estudos indicam que o aumento do teor de raça taurina na constituição genética do indivíduo tem impacto positivo na palatabilidade de alguns cortes cárneos, resultando principalmente em uma maior maciez e suculência.

O teor de raça zebu é levado em consideração no modelo de classificação da Brazil Beef Quality por meio da medição da altura do cupim, animais 100% zebuínos podem apresentar produtos com alta qualidade, para isso, estratégias devem estar presentes em toda cadeia produtiva afim de reduzir o efeito deste grupo racial sobre a qualidade da carne. Alguns exemplos seriam: abater animais mais jovens, pesados e com bom acabamento, e por meio de ferramentas post mortem como método de pendura adotado e o tempo de maturação das peças de carne, questões conhecidas por nossa equipe e sugeridas para os programas de carne de qualidade acompanhados.

Referências:
CAUVIN J. 1994. Naissance des divinités. Naissance de l’agriculture : la révolution des symboles au Néolithique.. In: Paléorient, 1994, vol. 20, n°2. pp. 172-174.

FRANCO, Gumercindo Loriano; AGUIAR JUNIOR, Célio Gomes de. Raças de Bovinos de Corte. In: CURSO de Bovinocultura de Corte: UnB. Brasília: Unb, [20–]. p. 1.

PERUCHI, Marcio. BOS TAURUS VS BOS INDICUS: SEPARADOS HÁ 2 MI DE ANOS. 2018. Disponível em: https://www.comprerural.com/bos-taurus-vs-bos-indicus-separados-ha-2-mi-de-anos/. Acesso em: 19 abr. 2021.

ROSA, Antônio do Nascimento Ferreira; MENEZES, Gilberto Romeiro de Oliveira. Papel do Zebu na pecuária de corte brasileira. 2016. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/9523901/artigo-papel-do-zebu-na-pecuaria-de-corte-brasileira. Acesso em: 19 abr. 2021.

Escrito por: Matheus Geraldine

Colaboradores: Bruna Biava e Marcelo Coutinho – Brazil Beef Quality

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